Ao longo dos anos, surgiram concepções sobre a educação de pessoas com
surdez, dando origem a três abordagens: Oralismo, Comunicação Total e
Bilinguismo.
Inicialmente, pensou-se em obrigar o surdo a ser oralizado para que
fosse reabilitado, pois entendia a surdez como algo que precisava ser
corrigido.
A partir dessa visão que se desenvolveu o Oralismo - filosofia
educacional, com o objetivo de fazer o surdo falar. E como citam Alves;
Damázio; Ferreira (2010, p.7) “[...] não conseguiram atingir resultados
satisfatórios, porque, normalizaram as diferenças, [...] centrando os processos
educacionais na visão da reabilitação e naturalização biológica.”
Posteriormente, surge a Comunicação total - filosofia educacional, que
por sua vez, aceitava a pessoa com surdez e buscava recursos para auxiliar o
surdo na sua comunicação e interação social. Porém, foi criticada por não
considerar a língua de sinais; ao contrário, valorizava a língua oral na medida
em que defendia o uso do português sinalizado.
Dessa forma:
[...] deflagraram um
processo que não favoreceu o pleno desenvolvimento da pessoa com surdez, por
focalizar o domínio das modalidades orais, negando a língua natural desses
alunos e provocando perdas consideráveis nos aspectos cognitivos,
sócio-afetivos, linguísticos, políticos, culturais e na aprendizagem. (ALVES;
DAMÁZIO; FERREIRA, 2010, p.7).
Em contrapartida a essas abordagens, surge o Bilinguismo - filosofia
educacional, com a perspectiva de respeitar as necessidades linguísticas do
surdo à medida que utiliza a língua de sinais e a língua oral. Tendo assim, a
preocupação de considerar a língua natural do aluno (ALVES; DAMÁZIO; FERREIRA,
2010).
Com isso, passa-se a pensar em educação inclusiva para pessoas com
surdez, dando liberdade ao aluno de escolher qual língua quer usar. Também
surgem leis para garantir a esse aluno ter acesso, dentro do ambiente escolar,
à Língua Brasileira de Sinais e à Língua Portuguesa, preferencialmente na
modalidade escrita. Dando também ao surdo o direito ao Atendimento Educacional
Especializado (AEE).
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) para aluno com surdez
reconhece o direito a uma educação bilíngue em todo o processo educativo.
O aluno necessita ter um ambiente escolar favorável à aprendizagem, de
modo que professores da sala de aula comum e do AEE tenham práticas
articuladas. O AEE funciona em três momentos didático-pedagógicos: Atendimento
Educacional Especializado em Libras; Atendimento Educacional Especializado de Libras e Atendimento
Educacional Especializado de Língua Portuguesa.
Damázio (2007) cita que: “O trabalho pedagógico com
os alunos com surdez nas escolas comuns, deve ser desenvolvido em um ambiente
bilíngüe, ou seja, em um espaço em que se utilize a Língua de Sinais e a Língua
Portuguesa.” Além disso, fala da importância do Atendimento Educacional
Especializado para esses alunos, o qual envolve três momentos:
ü Momento
do Atendimento Educacional Especializado em Libras, onde são trabalhados em Língua
de Sinais, os conteúdos curriculares da escola comum todos os dias, por um
professor, preferencialmente surdo. Para que o aluno possa apropriar-se melhor
das temáticas abordadas na sala de aula.
ü Momento
do Atendimento Educacional Especializado de Libras, onde deve ser feito primeiramente
uma análise do conhecimento prévio do aluno em relação à Libras, para que a
partir disso o professor e/ou instrutor de Libras (preferencialmente surdo)
possa planejar as aulas de Libras, dando ao aluno a oportunidade de ampliar o
conhecimento que possui sobre esta língua, principalmente em relação aos termos
científicos.
ü Momento
do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa, ministrado
todos os dias, preferencialmente por um professor de Língua Portuguesa, sendo
feito também análise do conhecimento prévio do aluno em relação a esta língua
para a partir daí o docente planejar como serão trabalhadas tais especificidades
com o aluno surdo, na modalidade escrita.
Vale destacar que o trabalho do
Atendimento Educacional Especializado deve ser desenvolvido em parceria com os
professores da sala de aula comum. Sendo que o planejamento deve ser elaborado
por todos estes profissionais, além do professor de Língua Portuguesa para
pessoas com surdez. Dessa forma, podem-se definir com maior coerência quais os
assuntos a serem trabalhados e quais os materiais e recursos a serem utilizados
de maneira mais adequada para o entendimento do aluno surdo, respeitando, é
claro, as suas peculiaridades.
REFERÊNCIAS
ALVES, Carla Barbosa; DAMÁZIO, Mirlene Macedo;
FERREIRA, Josimário de Paula. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar: abordagem bilíngue na escolarizaçãode pessoas com surdez. Brasília:
MEC/SEESP. Fortaleza, UFC, 2010.
DAMÁZIO, Mirlene F. M. Atendimento Educacional Especializado: Pessoa com surdez.
Curitiba: CROMOS, 2007. p. 25-52.
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